Thomas Bradwardine e a Providência Divina

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Thomas Bradwardine (1290–1349) foi um brilhante filósofo inglês, e posteriormente nomeado arcebispo da Cantuária. Bradwardine em sua obra chamada “De causa Dei contra Pelagium” nos ajuda, com todo o cuidado, na compreensão da providência divina:

“Era uma vez um eremita que pensava que os ímpios recebiam o bem e os justos recebiam o mal. Ele começou a duvidar da existência de um Deus bom. Ele abriu mão da vida solitária e vagou pelo mundo. Enquanto fazia isso, um anjo, na forma de homem, juntou-se a ele.

Primeiro, eles encontraram alguém que os recebeu com polidez e os tratou muito bem com acomodações.

Levantando-se à meia-noite, o anjo tomou um cálice de ouro do anfitrião e partiu com o eremita.

Em seguida, eles ficaram com alguém que também os tratou bem. Levantando-se à meia-noite com o eremita, o anjo foi até o berço e estrangulou o bebê.

Então, eles encontraram alguém que não os deixou ficar em sua casa, apenas fora dela. Pela manhã, o anjo bateu na porta e deu ao homem ímpio um cálice de ouro, que roubara do primeiro homem bom com quem havia ficado.

Por fim, foram até um homem que os tratou com muita gentileza. Quando o anjo e o eremita estavam prestes a partir, o anjo pediu ao anfitrião que enviasse seu servo com eles para lhes mostrar o caminho. Quando chegaram a uma ponte sobre águas turbulentas, o anjo jogou o servo no rio.

O eremita queria abandonar esse anjo aparentemente mau.

Mas, o anjo mandou o eremita esperar e ouvir como tudo aconteceu de acordo com a ordem justa de Deus: O anjo era um anjo de Deus para ensinar ao eremita que muitas coisas que pareciam injustas para os seres humanos eram muito boas.

O primeiro homem que encontraram, de quem ele tomou o cálice, saiu ganhando, pois, antes de possuir o cálice, ele temia a Deus. Mas, depois de conseguir o cálice, embebedava-se todos os dias com aquele cálice. Deus enviou o anjo para retirar esse incentivo à embriaguez a fim de que o homem fosse salvo.

Ao terceiro homem, a quem ele deu o cálice de ouro, isto é, o ímpio que não ofereceu a hospitalidade, o anjo causou muito dano a ele, mesmo que ele parecesse prosperar exteriormente. Esse homem se tornou um bêbado assim que tomou posse do cálice. Deus lhe deu o cálice como sinal de juízo, mesmo que ele tenha achado que prosperou.

Em relação ao homem cujo filho ele matou, ele era generoso com os pobres antes do nascimento do filho. No entanto, depois disso, não cuidava mais dos pobres nem se preocupava com eles. Deus ordenou que o anjo matasse a criança para que o homem não ameaçasse mais uma salvação eterna e voltasse à antiga vida de generosidade.

Em relação ao servo a quem o anjo jogou nas águas, ele estava prestes a assassinar seu gentil mestre e sua família, incluindo a esposa e filho, naquela noite. Contudo, o Senhor amava essa família e, assim, evitou o mal.

Então, o anjo disse: “Vá e pare de julgar a providência divina de maneira errada, porque você vê coisas más acontecendo com pessoas boas e coisas boas com pessoas más.”

 

Bradwardine por meio dessa história, não só nos dá um vislumbre a respeito da providência divina, como também, toca em um ponto nevrálgico e delicado da vida humana, o sofrer. Ele nos lembra de nosso Deus infinitamente bondoso, soberano sobre todas as coisas. Ele nos lembra que mesmo diante de tantas provações que afligem nossa alma, não podemos agir contra o nosso Senhor em seu infinito poder e misericórdia.

 

13. É Ele quem, dos seus altos patamares, rega as montanhas, e a terra se sacia do fruto de suas obras;
14. faz brotar a erva para o gado, as plantas que o homem cultiva, tirando da terra o alimento,
15. o vinho que alegra o coração, o óleo que dá brilho às faces e o pão que sustenta o vigor dos seres humanos.

SALMOS 104.13-15

Guilherme Santos


Notas:

Thomas Bradwardine, “De causa Dei contra Pelagium.”

William Pemble, “A Treatise of the Providence of God”

 

Publicado originalmente no dia 4 jan 2020 – https://medium.com/@guilhermesantossw1996/thomas-bradwardine-e-a-provid%C3%AAncia-divina-e01156d15a79

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1 comentário em “Thomas Bradwardine e a Providência Divina

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